A próxima vez que estiver num restaurante a pensar nas suas escolhas como por exemplo nas batatas fritas, uma fatia de pizza, cheesecake ou num batido, e sentir que está “viciado” nesses tipos de alimentos, tem toda a razão.
Existem agora evidências que são suportadas com provas bioquímicas, paralelamente a terem sido feitas descobertas especificas através de ressonâncias magnéticas ao cérebro, de acordo com os resultados de um novo estudo ( American Journal of Clinical Nutrition de 26 de junho).
Pesquisas anteriores indicam que o consumo de certos tipos de alimentos ricos em hidratos de carbono altamente processados, como bolachas, batatas fritas, bolos, etc….., pode levar a um aumento do desejo e posteriormente a excessos, este efeito resultado da forte influência de centros específicos de prazer no cérebro.
Via metabólica da dopamina.
No cérebro, a dopamina desempenha um papel importante na regulação do mecanismo de recompensa. Como parte da via bioquímica de recompensa, a dopamina é fabricada nas células nervosas localizadas dentro da área tegmental ventral (VTA) e é libertada no núcleo accumbens e córtex pré-frontal.
As suas funções motoras estão ligadas a uma via separada, com os corpos celulares na substância negra que fabrica e liberta a dopamina no striatum. (foto crédito: Wikipedia)
Acontece que a área do cérebro relacionada com os desejos de comida e prazer está ligada à mesma área que a da dependência de drogas. Isto leva-nos a questionar se existem determinados tipos de alimentos na natureza que são viciantes.
A dopamina, um importante neurotransmissor no cérebro, está implicada diretamente nas sensações de recompensa e prazer.
A dopamina é libertada em altas concentrações nos indivíduos que fumam cigarros, ou usam drogas ilícitas, como a cocaína, anfetaminas e ecstasy.
Neste estudo, investigadores avaliaram 12 indivíduos com excesso de peso e ou obesos com idades compreendidas entre os 18 e 35 anos, para determinar se a dopamina estava envolvida nos centros de prazer e recompensa. Os participantes receberam batidos semelhantes, porém um tinha um alto índice glicêmico e o outro era de baixo índice glicêmico. http://ajcn.nutrition.org/content/early/2013/06/26/ajcn.113.064113.abstract
O índice glicêmico (IG) é um indicador de quão rápido os níveis de glicose no sangue sobem após o consumo de certos alimentos.
Os hidratos de carbono contidos em alimentos, tais como bolachas, bolos, massas, pão branco e arroz branco, que têm um alto índice glicêmico são rapidamente digeridos, enquanto os hidratos de carbono de baixo índice glicêmico, que incluem grãos integrais, legumes, fruta, são digeridas de forma muito mais lenta.
De acordo com o protocolo do estudo, quatro horas após ingerirem os batidos, os sujeitos do estudo foram submetidos a exames de ressonância magnética cerebral funcional, (FMRI), que analisaram a atividade metabólica dos centros de recompensa no cérebro.
Os indivíduos que consumiram os batidos com um alto índice glicêmico tiveram picos de açúcar no sangue (hiperglicemia) que 4 horas depois, diminuíram. Automaticamente que os seus níveis de açúcar no sangue diminuíram, os participantes desenvolveram fome excessiva, nesse momento os FMRI demonstraram níveis elevados de atividade numa região do cérebro, no núcleo accumbens, o qual está associado com mecanismos de adição.
Os pesquisadores deste estudo também descreveram estudos anteriores, comparando o consumo de diferentes alimentos, como legumes cozidos ou sobremesas de alto teor calórico (cheesecake), que também apresentaram diferentes reações cerebrais.
No entanto, este estudo demonstrou que quando o grau de doçura e calorias de um determinado alimento são semelhantes, o impacto glicémico pode resultar em alterações nas reações química do cérebro que levam a excessos.
Embora o conceito de “vício em comida” ainda possa ser um tanto controverso, em certos círculos, os resultados deste estudo defendem a continuação dos trabalhos numa escala maior de forma a estudar como os alimentos que consumimos podem conduzir a mudanças nos nossos centros de recompensa no cérebro.
A mensagem é que limitar o consumo de hidratos de carbono de índice alto índice glicêmico, como o arroz branco, batatas, bolos e pão branco pode ajudar pessoas obesas a reduzir os desejos e, assim, evitar excessos.
Embora já saibamos que determinados tipos de alimentos podem ativar as mesmas áreas do cérebro que certos tipos de drogas ilícitas, este estudo vem demonstrar que fazer escolhas alimentares mais cuidadosas podem, mais eficazmente controlar o açúcar no sangue e, assim, limitar excessos e ganho de peso subsequente.