FAQs

Os fatores que influenciam na resposta glicémica são a natureza do amido, a quantidade de monossacáridos (frutose, galactose), a presença de fibras, a cocção ou o processamento, o tamanho das partículas, a presença de fatores anti-nutricionais como os fitatos e a proporção de outros macronutrientes (proteína e gordura). O índice glicémico indica a forma como o hidrato de carbono é digerido, absorvido e utilizado.
Essas recomendações levam a promoção de uma alimentação saudável, rica em fibras, de baixa densidade energética, adequada com relação aos macronutrientes e antioxidantes. É, portanto, uma recomendação que favorece a manutenção de um peso saudável, a manutenção da saúde e a prevenção de doenças crónicas.
Para manutenção da glicemia, o organismo utiliza alguns mecanismos reguladores. A ingestão de alimentos com alto índice glicémico altera esse mecanismo de auto regulação. Na primeira hora depois de uma refeição de alto índice glicémico, a concentração de glicose pode ser o dobro da encontrada após uma refeição de baixo índice glicémico, com os mesmos nutrientes e com mesma quantidade de calorias. Esta relativa hiperglicemia estimula a secreção de insulina (hormona responsável pela utilização da glicose) e inibe a secreção de glucagina (hormona que permite a utilização das reservas do organismo). Nesta situação, ocorre uma exagerada resposta do metabolismo que inclui maior captação de nutrientes, com formação de reservas incluindo de tecido gordo. Após as duas primeiras horas da refeição de alto índice glicémico existe uma brusca queda da glicemia, que se traduz numa sensação de fome.
Os hidratos de carbono ou açúcares, são os maiores responsáveis pelo fornecimento de energia. Todos os tipos de hidratos de carbono, ao serem digeridos, transformam-se em glicose, mas os seus efeitos fisiológicos dependem da capacidade de elevar a glicemia. Em 1981, Jenkins e cols. propuseram um novo sistema de se classificar os hidrato de carbonos através da resposta glicémica ou do índice glicémico. Os vários alimentos que são fontes de hidratos de carbono levam a diferentes respostas glicémicas e o índice glicémico é definido a partir dessa resposta da glicose pós-prandial, em comparação a um alimento (geralmente a glicose).
99% dos estudos em humanos comprovam uma menor sensação de saciedade e uma intensificação da fome em dietas de alto índice glicémico. As recomendações dietéticas actuais não devem apenas aconselhar a diminuir o consumo de gordura, mas na escolha do tipo de gordura e tipo de hidrato de carbono. Com relação aos hidratos de carbonos, os muito simples e refinados devem ser evitados para que a absorção e a digestão não sejam alteradas, trazendo as consequências fisiológicas já descritas. Os alimentos de baixo índice glicémico são mais ricos em fibras e sobretudo as fibras solúveis, favorecendo o preenchimento da cavidade gástrica, o que leva a uma maior secreção de colecistoquinina (CCK). Sendo assim, por outra via, os alimentos de baixo índice glicémico novamente induzem a sensação de saciedade.
Existem estudos que demonstram que, ao se prolongar o tempo de absorção, seja possível reduzir o aparecimento de algumas doenças crónicas. Com a redução do índice glicémico da dieta, existe uma menor produção insulínica, melhor manutenção da glicemia e redução da lipidemia. Estes fatores, claramente, têm importante papel na prevenção e no tratamento das doenças como obesidade, diabetes, doenças cardíacas e até alguns tipos de cancros.